A barreira dos 30 km na Maratona
Nas provas de longas distâncias como a Maratona, é muito comum encontrarmos atletas que, durante boa parte do percurso correm com viva satisfação.
Parece que não sentem o calor, as passadas são seguras, o ritmo é constante mas, repentinamente, quase que sem explicação os braços tornam-se pesados e as pernas movem-se com dificuldade; a musculatura contrai-se dolorosamente, o ritmo diminui drasticamente e cada passo a mais transforma-se num suplício.
Esta situação, que ocorre frequentemente entre os corredores de longas distâncias, é um fenómeno fisiológico conhecido pelos maratonistas como a "barreira dos 30 km".
O que determina o surgimento dessa "barreira" é a duração do esforço (longo tempo para terminar a prova) e a intensidade do mesmo (ritmo muito forte), além das condições atmosféricas.
Portanto, as razões para o surgimento da "barreira" podem ser provocadas por três motivos distintos: a falta de glicose circulante, a falta de glicogénio muscular e o super aquecimento do organismo.
No primeiro caso, os atletas são atingidos após 2 ou 3 horas de corrida, quando a glicose circulante na corrente sanguínea é consumida pelos músculos para obtenção de energia. Isso provoca uma hipo glicemia, ou seja, uma diminuição da quantidade de glicose circulante, falta "combustível" e o atleta é obrigado a diminuir a velocidade e, na maioria da vezes, até abandonar a competição.
Os atletas mais lentos são os mais atingidos pela hipoglicemia, pois ainda não possuem um nível adequado de preparação que lhes permita grandes desempenhos em provas de longa duração, levando horas para terminarem a prova e, quanto mais demorarem a percorrer o percurso, maiores se tornam as dificuldades. Podem até ir longe, mas sofrerão com dificuldades os efeitos da falta de glicose.
Entretanto, a hipoglicemia pode ser evitada, desde que o atleta inicie a prova com as suas reservas de glicogénio hepático em alta (o fígado armazena glicogénio e quando necessário, transforma-o em glicose para a manutenção dos níveis glicéricos na corrente sanguínea).
A segunda causa da "barreira" é a mais frustrante de todas. Ela atinge justamente os atletas mais rápidos, e ataca sem aviso prévio. Esses atletas, devido ao ritmo competitivo forte, acabam por utilizar as suas reservas musculares de glicogénio para obtenção da energia, esgotando-as precocemente.
Quando as reservas de glicogénio se esgotam nos músculos em actividade, nada mais há a fazer. A velocidade diminui repentinamente e o atleta que vinha tão bem, acaba por desistir.
A falta de glicogénio muscular, porém, pode ser solucionada através do treino bem orientado e de uma dieta alimentar que forneça diariamente quantidade ideais de hidratos de carbono (pelo menos 60-65% do valor energético total).
O super aquecimento é a terceira causa da "barreira"", é a mais perigosa para a saúde do atleta. A elevação da temperatura corporal pode realmente ameaçar a vida dos atletas.
Assim, disputar uma competição em condições climatéricas inadequadas, onde a temperatura ambiente e a humidade relativa do ar não são favoráveis à disputa competitiva, pode dificultar o processo fisiológico de regulação da temperatura corporal, provocando sérios danos ao organismo do atleta podendo levá-lo até mesmo à morte.
Para evitar os riscos do super aquecimento, deve-se ingerir líquidos regularmente, tanto durante os treinos quanto nas competições e após as mesmas, seguindo as recomendações dos especialistas.
Fonte: www.runnerbrasil.com